Cultura Nordestina

   
   A cultura nordestina é bastante diversificada, os costumes e tradições muitas vezes variam de estado para estado porem a riqueza cultural dessa região é visível para além de suas manifestações folclóricas e populares e é do nosso nordeste que veio o grande precursor do baião, Luiz Gonzaga.

Festas Populares

   Caracterizado como um povo feliz algumas das festas populares nordestinas são:

   • São João é sem dúvida o festejo mais comum na região, composto por ritmos tais como o baião, xote, xaxado e coco que fazem parte do chamado forró, há também apresentações de quadrilhas, comidas e bebidas típicas, além de muita alegria. O São João consiste ainda numa homenagem a três santos católicos (Santo Antônio, São João e São Pedro) e ocorrem principalmente nas cidades de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).






   • Carnaval é o evento popular mais famoso do nordeste, pois atrai milhares de turistas encantados pela riqueza musical e alegria dos foliões. O carnaval ocorre especialmente em Salvador com apresentações de cantores famosos em trios elétricos, Recife com blocos carnavalescos que passam pelas ruas ao som do frevo e do maracatu em especial o Galo da Madrugada maior bloco carnavalesco do mundo e Olinda com o desfile dos bonecos gigantes.                                


   • Coco é um estilo de dança muito praticado nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Uma expressão do desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro é uma dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de pares, que vão ao centro e desenvolvem movimentos ritmados.


   • Lavagem do Bonfim é uma das maiores festas religiosas populares da Bahia. É realizada numa quinta-feira do mês de janeiro aonde milhares de romeiros chegam ao Santuário do Senhor do Bonfim, considerado como o Oxalá africano e lavam as escadarias da igreja com água e flores.


Artesanato

   O artesanato é também uma parte relevante da produção cultural do Nordeste devido à variedade regional de tradições, é difícil caracterizar todos, mas entre eles destacam-se as redes tecidas e, às vezes, bordadas com muitos detalhes; os produtos feitos em argila, madeira e couro, com traços bastante particulares. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para venda a turistas. Ainda destacam-se artefatos feitos da fibra do buriti e produtos do babaçu.


Literatura

   Na literatura pode-se citar a literatura popular de cordel que remonta o período colonial e numerosas manifestações artísticas de origem popular que se manifestam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada. Na literatura nordestina vem destacando-se nomes como João Cabral de Melo Neto, José de Alencar, Jorge Amado, Nelson Rodrigues e Rachel de Queiroz dentre muitos outros.


Culinária

   A culinária do Nordeste é bem diversificada e destaca-se pelos temperos fortes e comidas apimentadas. Os pratos típicos são: carne de sol, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, tapioca, peixes, frutos do mar e principalmente comidas feitas de milho. As frutas também são comuns, como por exemplo: manga, araçá, graviola, ciriguela, umbu, buriti, cajá e macaúba.



Variedade Linguística

            A variedade linguistica da região nordeste é bastante peculiar e conta com um sutaque forte. Alguns exemplos dessa variedade está presente na música ABC do Sertão do grande Luiz Gonzaga e no Poema o Poeta da Roça do Patativa do Assaré.

ABC do Sertão  Gonzagão


Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê


O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê


Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê


Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e Zê


Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê


O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê


Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"


A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e Zê


A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e Zê

Atenção que eu vou ensinar o ABC


A, bê, cê, dê, e
Fê, guê, agâ, i, ji,
ka, lê, mê, nê, o,
pê, quê, rê, ci
Tê, u, vê, xis, pissilone e Zê 
O POETA DA ROÇA – Patativa do Assaré
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço pape
De argum menestré, ou errante canto
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à procura de amo.
Na tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o nome assina.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estuda.
Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida apertada, da roça e dos eito
E às veis, rescordando a feliz mocidade,
Canto uma sôdade que mora em meu peito.
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando a visage chamada caipora.
Eu canto o vaquêro vestido de coro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem terra e sem pão,
E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade
Cantando a verdade das coisas do Norte.
            A região retratada é o Nordeste, ainda que, no final, ele diga “Cantando a verdade das coisa do Norte”. Isso acontece por causa do costume de algumas pessoas mais simples dividirem o Brasil em duas grandes regiões, Sul e Norte apenas.
            Agora, vamos às palavras anotadas que são típicas do nordeste.
Brenha _ mata fechada
Pachola _ vaidoso
Lida _ trabalho
Eito _ roça, plantação
Visagem _ fantasma, visão sobrenatural
Caipora _ ente fantástico, da mitologia tupi: morador do mato
            Agora, os exemplos de frases que não obedecem às normas de concordância da linguagem escrita, mas identificam o enunciador ao seu meio:
 “Sou fio das mata”
 “Sou poeta das brenha”
 “Nas pobre paioça”
 “Da roça e dos eito”
 “Com suas caçada”
 “Socorro dos home”
 “Dos cofre luzente”
               As palavras pronunciadas apresentam um modo característico, identificando o falante ao meio rural e à região nordeste:
 “Fio” _ filho
 “Trabaio” _ trabalho
 “Paia” _ palha
 “Paper” _ papel
 “Argum” _ algum
 “Véve” _ vive
 “Paioça” _ palhoça
 “Às veis”_ as vezes
 “Nuviu” _ novilho
 “Lugiu” _ elogio
 “Vaquêro” _ vaqueiro
 “Cabôco” _ caboclo
            E, finalmente, quanto ao assunto, o texto é principalmente lírico, porque se manifestam estados emocionais, embora se perceba uma crítica social. No texto, se canta a vida sofrida, valente, de muito trabalho e pouca instrução do caboclo, do vaqueiro e dos mendigos nordestinos. O eu lírico apresenta-se como um caboclo pobre, sem instrução, cantor das coisas de sua terra e, apesar de sua condição, se diz feliz.



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