Análise das Músicas de Gonzagão


       Duas das músicas do Rei do Baião que contam acontecimentos relacionados a vida do nordestino foram analisadas e seguem no nosso blog.


Pau de Arara


Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau-de-arara
Eu penei, mas aqui cheguei
Eu penei, mas aqui cheguei
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matolão





Súplica Cearense


Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedia a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedi para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará



Ø  Pau-de-Arara
Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó

  Retrata a vinda de Luiz Gonzaga do sertão para o Rio de Janeiro deixando para trás o seu Bodocó

A malota era um saco
e o cadeado era um nó

   Quando ele saiu não estava em boas condições financeiras e ao invés de uma mala levava um saco que era amarrado por nós, lembrando a figura do retirante que amarrava sua trouxa de roupa na enxada seu instrumento de trabalho

Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau-de-arara

   Ainda um jovem sem experiencia alguma Gonzagão viajava na mais absoluta simplicidade em um pau de arara uma espécie de transporte clandestino que não apresenta segurança alguma ao passageiro, encontrado geralmente no sertão nordestino. Trazia Luiz apenas a coragem de seguir carreira com a música enfrentando qualquer que fosse a barreira.

Eu penei, mas aqui cheguei

   Mesmo enfrentando obstáculos que todo o inicio de carreira oferece, Luiz Gonzaga não desistiu mesmo sofrendo ele chegou aonde realmente queria sendo consagrado o Rei do Baião.

Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matolão

   Corajoso como um grande nordestino que era Luiz Gonzaga trouxe consigo os instrumentos e ritmos do nordeste para apresentar aos “sulinos" ritmos tais que fizeram historia por onde ele passou.

Ø  Súplica Cearense
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

   Esta primeira estrofe da música retrata a vida difícil que o nordestino leva à espera da chuva que acabe com a seca e por isso ele de joelhos esta a rezar.

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há

   Em sua suplica o nordestino vê que sua oração teve resultados e a chuva caiu no sertão escondendo o sol que queima a terra

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

   Lamentando ter pedido a Deus tanta chuva o eu lírico se redime dizendo que pediu para que chovesse de mansinho, apenas para acabar com a seca e o nordestino ter a alegria de ver sua plantação crescer (o seu sustento diário).

Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

   Em meio a tanta chuva o eu lírico passa a achar que a culpa foi sua que de tanto suplicar pela chuva ela acaba chegando cada vez mais intensa e pede que Deus o perdoe.

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar

  Mais uma vez o eu lírico pede perdão por ter chorado durante sua suplica, e magoado com a situação de seca em que vivia pediu a Deus que o sol cruelmente se afastasse.

Desculpe eu pedia a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedi para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

  E é a todo momento pedindo desculpas a Deus que ele encerra a sua oração lembrando que ele sempre suplicava para o inferno que era o clima quente da região acabasse e chegasse o inverno a estação onde chove e renasce as plantações, trazendo a esperança para o nordestino que sempre quando a seca passa a vida continua e o sustento é garantido, pois o sol inclemente que sempre queimou o Ceara - um dos estados nordestinos muito amado por Gonzaga – acabaria.  


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